sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

CENA TRISTE



CENA TRISTE

Hoje no nosso Espaço Cultural, enquanto eu fadigo com o calor do sol matinal por volta das dez horas e muitos minutos surgiu na minha frente, uma senhora idosa, bem vestida com um chaveiro pendurando uma chave na mão, me veio pedinte por “uma esmola”. Com dó da tal senhora, por ser já uma idosa tão bem vestida e de sandálias a mendigar, então peguei o pote de moedas que mantenho comigo para passar troco ou tornar mais acessível quando pago minhas contas e juntei umas moedas de R $ 0,05, 0,10 e 0,25  entre outras moedinhas que somadas eram 0,50 centavos ou mais, mas menos de um real que eu estava doando. Doei o pouco que eu podia naquele momento, para não negar minha boa vontade em ajudá-la, mas fiquei desapontado ao ceder as minhas poucas moedinhas, pois a tal senhora com a mão aberta contendo as moedinhas, comentou de modo pejorativo com uma voz talvez cansada, mais em tom de desapontada a dizer algo “que as moedinhas de 0,05 ; 0,10 e 0,25 entre outras moedas não dariam para  comprar nada.”
Mas, eu também desapontado com a cena triste da tal senhora pedinte, nada disse a apenas elucidar que mantinha o Espaço Cultural, mas não era nenhum comércio. Havia colaborado com o que podia, mas em silencio refletia meu arrependimento de não tê-la dito um simples não e quase pedir de volta as moedas eu nada disse, que pois o dinheiro  em cédulas que eu continha na minha carteira era  R$33,00 que eu havia vendido de água mineral ontem e até aquele momento matinal, portanto ainda não havia pago o restante de um débito de R $ 20,70 com o meu fornecedor e não iria comprar mais água porque não estava podendo no momento e  muitas vezes não faço nada por um maltrapilho entre tantos a mendigar uma simples moedinha.
Enquanto que eu, para ganhar R$ 2,20 de uma água mineral, preciso largar minhas atividades, cerrar as portas do Espaço Cultural para não ser roubado gastar combustível ao preço de 4,07 o litro de gasolina para fazer a entrega domicilio. E as pessoas que chegam até mim, a maioria pedinte, qualquer um muitas vezes é só a  mendigar, bater na porta a dizer ao pedir um real para passagem, para remédios, para almoço, etc... É muito saturável até mesmo por telefones madames, solicitando colaborações para “criancinhas” e quando eu falo que a gente tem também sobrinhos, família  pra pensar em ser útil e já fazemos doações mensais a uma instituição, mas ficam a persuadir que é apenas uma “doação anual”, insistindo e condenando a gente pela situação difícil, desgovernada da cidade, do estado do país  com demagogia pra serem bons às custas alheia. Todos em cumplicidade politiqueira em campanhas eleitorais às custas do povo.
A gente que está na chuva é para se molhar, agradecer a Deus em tudo pelo suor do nosso esforço em correr atrás sendo útil ao dia a dia construindo consolidando o trabalho pra manter nossa dignidade humana.
Não me senti bem em nada, ao ter ajudado essa tal senhora ingrata que era melhor tê-la negado esmola.
Enquanto me recordo uma vez, moradores de rua que limpavam capim do matagal das calçadas num sol castigado para ganhar algum trocado, um deles humilde veio educadamente com o chinelo arrebentado veio até mim, solicitando “Seu Martinho, o senhor se por acaso, tinha algum prego, alguma coisa para consertar a sandália dele” e eu com a maior boa vontade procurei um prego entre minhas ferramentas e sugeri ele consertar a sandália arrebentada atendendo ao apelo que foi cordialmente aceito e que me senti tão gratificante muito mais que o humilde moço, com uma sensação de sido útil e uma não sido em vão atitude que me deixou uma plenitude de harmonia e pedira a Deus abençoar nossas atitudes humanas. Foi um bem maior que fiz pra mim,  sentindo um contentamento maior  que mesmo pro morador de rua. Foi maior a grandeza de tê-lo contribuído com um simples prego que mesmo se eu tivesse feito uma doação de maior custo.
                                                                                                                                 
Martins Sampaio – Natal, 01/12/2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário