CENA TRISTE
Hoje no nosso Espaço Cultural, enquanto eu fadigo com o calor
do sol matinal por volta das dez horas e muitos minutos surgiu na minha frente,
uma senhora idosa, bem vestida com um chaveiro pendurando uma chave na mão, me
veio pedinte por “uma esmola”. Com dó da tal senhora, por ser já uma idosa tão
bem vestida e de sandálias a mendigar, então peguei o pote de moedas que
mantenho comigo para passar troco ou tornar mais acessível quando pago minhas
contas e juntei umas moedas de R $ 0,05, 0,10 e 0,25 entre outras moedinhas que somadas eram 0,50
centavos ou mais, mas menos de um real que eu estava doando. Doei o pouco que
eu podia naquele momento, para não negar minha boa vontade em ajudá-la, mas
fiquei desapontado ao ceder as minhas poucas moedinhas, pois a tal senhora com
a mão aberta contendo as moedinhas, comentou de modo pejorativo com uma voz
talvez cansada, mais em tom de desapontada a dizer algo “que as moedinhas de
0,05 ; 0,10 e 0,25 entre outras moedas não dariam para comprar nada.”
Mas, eu também desapontado com a cena triste da tal senhora
pedinte, nada disse a apenas elucidar que mantinha o Espaço Cultural, mas não
era nenhum comércio. Havia colaborado com o que podia, mas em silencio refletia
meu arrependimento de não tê-la dito um simples não e quase pedir de volta as
moedas eu nada disse, que pois o dinheiro
em cédulas que eu continha na minha carteira era R$33,00 que eu havia vendido de água mineral
ontem e até aquele momento matinal, portanto ainda não havia pago o restante de
um débito de R $ 20,70 com o meu fornecedor e não iria comprar mais água porque
não estava podendo no momento e muitas
vezes não faço nada por um maltrapilho entre tantos a mendigar uma simples
moedinha.
Enquanto que eu, para ganhar R$ 2,20 de uma água mineral, preciso
largar minhas atividades, cerrar as portas do Espaço Cultural para não ser
roubado gastar combustível ao preço de 4,07 o litro de gasolina para fazer a
entrega domicilio. E as pessoas que chegam até mim, a maioria pedinte, qualquer
um muitas vezes é só a mendigar, bater
na porta a dizer ao pedir um real para passagem, para remédios, para almoço,
etc... É muito saturável até mesmo por telefones madames, solicitando colaborações
para “criancinhas” e quando eu falo que a gente tem também sobrinhos, família pra pensar em ser útil e já fazemos doações
mensais a uma instituição, mas ficam a persuadir que é apenas uma “doação anual”,
insistindo e condenando a gente pela situação difícil, desgovernada da cidade,
do estado do país com demagogia pra
serem bons às custas alheia. Todos em cumplicidade politiqueira em campanhas
eleitorais às custas do povo.
A gente que está na chuva é para se molhar,
agradecer a Deus em tudo pelo suor do nosso esforço em correr atrás sendo útil
ao dia a dia construindo consolidando o trabalho pra manter nossa dignidade
humana.
Não me senti bem em nada, ao ter
ajudado essa tal senhora ingrata que era melhor tê-la negado esmola.
Enquanto me recordo uma vez,
moradores de rua que limpavam capim do matagal das calçadas num sol castigado
para ganhar algum trocado, um deles humilde veio educadamente com o chinelo
arrebentado veio até mim, solicitando “Seu Martinho, o senhor se por acaso,
tinha algum prego, alguma coisa para consertar a sandália dele” e eu com a
maior boa vontade procurei um prego entre minhas ferramentas e sugeri ele
consertar a sandália arrebentada atendendo ao apelo que foi cordialmente aceito
e que me senti tão gratificante muito mais que o humilde moço, com uma sensação
de sido útil e uma não sido em vão atitude que me deixou uma plenitude de
harmonia e pedira a Deus abençoar nossas atitudes humanas. Foi um bem maior que
fiz pra mim, sentindo um contentamento
maior que mesmo pro morador de rua. Foi
maior a grandeza de tê-lo contribuído com um simples prego que mesmo se eu
tivesse feito uma doação de maior custo.
Martins Sampaio – Natal, 01/12/2017.
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